O encontro entre o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o Dalai Lama, nesta sexta-feira na Casa Branca, mereceu o protesto e a condenação do Governo de Pequim, que classificou a recepção ao líder espiritual do Tibete no exílio como uma “grave interferência” de Washington nas “questões internas” da China, com possíveis repercussões nas relações bilaterais.
O Governo de Pequim pediu o
cancelamento imediato da reunião. “O encontro do líder dos Estados Unidos com o
Dalai Lama é uma grave interferência na política doméstica da China, que
constitui uma séria violação dos princípios das relações internacionais e
infligirá grande prejuízo para a relação da China com os Estados Unidos”,
reagiu a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying.
Antecipando a resposta de Pequim,
a Casa Branca fez questão de sublinhar que o Presidente Barack Obama recebe o
Dalai Lama na sua condição de “líder cultural e religioso respeitado
internacionalmente”, e reiterou o reconhecimento da soberania chinesa no
Tibete, lembrando que não apoia a causa separatista.
Mas “os Estados Unidos apoiam a
abordagem do Dalai Lama, que propõe um ‘meio termo’ entre a assimilação e a
independência dos tibetanos”, assinalou a porta-voz do Conselho Nacional de
Segurança, Caitlin Hayden, que manifestou “preocupação” com os relatos da
“escalada da tensão e a deterioração dos direitos humanos na região tibetana da
China”.
Este será o terceiro encontro de
Barack Obama com o Dalai Lama, que está a cumprir um périplo de três semanas
nos Estados Unidos. A reunião, agendada para esta sexta-feira de manhã na
chamada “sala dos mapas” da Casa Branca, decorre à porta fechada e sem direito
às declarações oficiais que tradicionalmente encerram as visitas oficiais de
líderes estrangeiros (que são recebidos na Sala Oval).
O Dalai Lama já reuniu com vários
Presidentes norte-americanos, e de todas as vezes a China – que equipara o
monge budista a um líder separatista – apresentou protestos formais contra os
Estados Unidos por alegadamente dar palco à promoção e instigação de
“actividades anti-chinesas”.
A relação diplomática entre os
dois países está a atravessar uma fase de turbulência, com a China a manifestar
“incomodidade” com a crescente influência dos Estados Unidos na região e
Washington a alertar para a agressividade militar de Pequim. O Pentágono tem-se
referido às disputas territoriais da China com os seus vizinhos mais pequenos
com frequência, mas a Administração desvalorizou as declarações recentes do
director de operações da frota americana no Pacífico, capitão James Fanell, que
se referiu às manobras militares de Pequim como um prenúncio de uma guerra
“curta” com o Japão no mar da China.
Fonte: Publico.pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário